Os módulos implementados
no SisBaHiA® foram elaborados a partir das rotinas recomendadas pelo
IOC (Intergovernmental Oceanographic Commission). Acredita-se,
atualmente, que esse conjunto de rotinas é o mais largamente utilizado em todo
o mundo para a análise e previsão de dados de marés.
Na
análise e previsão de marés, a maré real é comparada com a maré de equilíbrio
em Greenwich – uma maré que ocorre sob condições ideais no meridiano de
Greenwich e depende somente de dados astronômicos. Nessa comparação é
necessário conhecer a amplitude de cada constituinte e o desvio de fase do
constituinte em relação à fase do mesmo constituinte na maré de equilíbrio em
Greenwich. A amplitude e a fase para uma dada estação devem que ser obtidas a
partir de observação.
Neste item, o usuário conhecerá o funcionamento básico dos seguintes
módulos: |
|
¨ Análise |
|
¨ Previsão |
|
Análise è É o processo de obtenção do nível
médio do mar para a estação bem como a amplitude e fase de cada constituinte a
partir de dados medidos.
·
Observações
sobre dados medidos de maré:
(1)
Segundo o critério de Nyquist a taxa mínima de
amostragem para detectar um certo sinal é o dobro da frequência máxima que se
quer detectar (Fs ≥ 2Fmáx, onde Fs é a frequência de
amostragem e Fmáx é a
maior frequência presente no sinal). Na prática, entretanto, é vantajoso adotar
uma taxa de amostragem Fs que seja de 4 a 8 vezes maior do
que Fmáx.
(2)
Para estudos práticos de maré, a amostragem horária é
suficiente para detectar os constituintes. Se frequências mais altas estão
presentes, elas devem ser filtradas para evitar uma contaminação nas
frequências de interesse. Entretanto, devemos notar que em locais onde são
observados constituintes com frequências superiores como, por exemplo, sexto ou
oitavo-diurnos o uso de uma taxa de amostragem de uma hora pode produzir uma
contaminação em tais constituintes. Para esse tipo de filtragem o SisBaHiA®
conta com duas ‘Ferramentas’: ‘Muda Tempo entre dados...’ e ‘Filtro de
Thompson...’ cujo funcionamento é melhor explicado em Módulo
Ferramentas.
(3)
Quanto maior o período de observação, maior o número de constituintes que
pode ser analisado e maior será a acurácia de sua determinação. Para estações
maregráficas temporárias, o período mínimo recomendado para observação é de 1
mês. O período mínimo considerado análise de constantes brasileiras
disponibilizadas no Catálogo de Estações Maregráficas Brasileiras pela FEMAR é
justamente 1 mês. Tabelas de constantes
harmônicas disponíveis em: https://www.fundacaofemar.org.br/biblioteca/emb/indice.html,
acessado em 25/05/2017.
(4)
É necessário que os dados observados na
entrada da análise tenham intervalos de tempo regulares, se não for em
intervalos regulares deve-se filtrá-los e aplicar algum tipo de interpolação
prévia.
(5)
São aceitas lacunas nos dados observados, no
entanto os tempos nos quais não se tem dados devem ser retirados da série, caso
contrário haverá erro de importação para o SisBaHiA®, como no
exemplo da Figura
1. Lacunas
relativamente muito grandes, quando comparadas com a duração da série, podem
gerar constantes com fase ou amplitude erradas. Para avaliar esse erro pode-se
comparar as constantes obtidas com estações próximas no catálogo da FEMAR, ou
outras referências bibliográficas da região. Após a análise de dados com
lacunas o SisBaHiA® informa quantas lacunas foram preenchidas
internamente para a análise.
(6)
A maneira mais simples de preencher dados de
maré é pegar períodos similares ao longo da série e copiar para o período
faltante antes de realizar a análise de maré. Esse preenchimento deve ser feito
com muito cuidado para não gerar análises incorretas ou defasadas, por isso
deve-se utilizar períodos com a mesma tendência de quadratura ou sizígia e de
crescimento ou diminuição das amplitudes.
Figura 1. Como importar corretamente uma série de dados observados de maré com lacunas de dados.
Os passos
necessários para fazer uma análise harmônica de maré estão ilustrados abaixo,
da Figura
2 a Figura
4.
Na
pasta de Análise, haverá duas
abas (Figura 2). Na aba
Parâmetros, o usuário deverá preencher incialmente o Nome da Estação,
fornecendo suas respectivas coordenadas e confirmar no botão ‘Aceita’ (). Após confirmar
a estação de Análise, a aba ‘Dados Observados’ é habilitada.
Na
aba parâmetros, as informações mínimas a serem preenchidas são: Data/hora
inicial e final que será utilizada para análise, pode ser um período menor que
o dos dados observados. Intervalo de tempo que estão os dados. Outras
informações dessa aba estão detalhadas a seguir.
Na
aba dados observados é possível adicionar dados individualmente acionando o
botão () ou
importar (
) um
arquivo de data/hora e nível ou ainda colar a tabela clicando com o botão
direito na tabela.
Após
importar os dados e ter todos os parâmetros definidos é necessário analisar no
botão “Analisa”. Quando a análise estiver concluída os resultados aparecerão na
aba ‘Resultados’. A tabela pode ser copiada para ser colada na Malha ou para
uma previsão de maré.
Figura 2. Iniciando a análise dos dados de
elevação da Estação Baía Mano.
Figura 3. Importando os dados observados para análise harmônica de maré.
Figura 4. Resultados da análise harmônica.
Para todos os passos clicando com o botão direito há a ajuda ‘O que é isto?’, abaixo há as explicações completas para a aba parâmetros, que são as mesmas conseguidas na própria interface, juntamente com informações extras contidas no capítulo “Módulo de análise e previsão de maré” da referência técnica do SisBaHiA®.
è Data
inicial para o período a ser analisado. Tal data deve ser igual ou posterior à
data do início da série temporal de dados observados. Para entrar com a data
clique na seta . Ao abrir o calendário, usando os botões na parte superior do
calendário, selecione o dia, o mês e o ano desejados. Na área da hora, o
usuário deverá colocar a hora associada ao primeiro registro da série de Dados
Observados a ser considerado no procedimento de Análise.
è
Data final para o período a ser
analisando. Tal data deve ser igual ou anterior à data do fim da série temporal
de dados observados. Para entrar com a data clique na seta. Ao abrir o
calendário, usando os botões na parte superior do calendário, selecione o dia,
o mês e o ano desejados. Na área da hora, o usuário deverá colocar a hora
associada ao último registro da série de Dados Observados a ser considerado no
procedimento de Análise.
è É o
intervalo de tempo para aquisição de dados de maré a partir dos Dados
Observados. Tem que ser igual ao intervalo dos Dados Observados.
è Representa
um valor mínimo de amplitude para que uma determinada harmônica seja
apresentada na tabela de resultados, embora internamente todas as harmônicas
possíveis (para um determinado valor do critério de Rayleigh) sejam calculadas.
è É um
fator de escala a ser aplicado aos valores observados de elevação para uma
mudança de unidade; por exemplo, usamos o valor 0,01 quando os dados de entrada
forem medidos em centímetros e desejarmos apresentar as amplitudes das
constantes calculadas em metros.
è A
Referência de Nível é uma cota (m) a ser subtraída dos dados de nível da água
observados. Usa-se isso para equalizar as cotas dos Dados Observados com as cotas
de uma malha que usa uma Referência de Nível diferente.
è É um
valor usado para decidir se um determinado constituinte deve ou não ser
incluído na análise. Se Fc é a freqüência desse constituinte, Fr é a freqüência
do constituinte a ser comparado e T é o período de tempo entre o início e o fim
da análise, então o constituinte será incluído caso |Fc–Fr|T>= Valor Dado
como Critério de Rayleigh.
è O usuário frequentemente trabalha com
séries temporais de dados de marés observadas em curtos períodos, o que, com a
aplicação do critério de Rayleigh, limita o número de constituintes incluídos
na fase de análise. Em muitas situações, é importante incluir componentes que
não podem ser resolvidos com tais períodos curtos de observação.
A possibilidade de inferir a
amplitude e a fase de certos constituintes é baseada na existência de uma
interdependência entre certos constituintes astronômicos.
O catálogo de constituintes
implementado nesse aplicativo inclui informações sobre um determinado número de
acoplamentos conhecidos como, por exemplo, os pares K1-P1 e S2-K2. Num primeiro
momento, o usuário deve usar os dados de estações maregráficas próximas para
estabelecer relações de amplitude e de fase para os pares de interesse. Como
alternativa, pode-se usar as relações de amplitude prescritas na maré de
equilíbrio e uma diferença de fase nula.
As rotinas implementadas também
permitem ao usuário forçar o cálculo de certas componentes de águas rasas a
partir de um par estabelecido como, por exemplo, o par M10-M8.
è As distorções em águas rasas podem
gerar múltiplos e combinações das freqüências presentes no espectro de uma maré
costeira.
Quando a freqüência da onda transformada é um múltiplo exato da
freqüência fundamental chamamos a essa onda de sobre-maré. Desde que a
velocidade (freqüência) das sobre-marés é um múltiplo exato da fundamental,
tais ondas estão com a fase fixa em relação à fundamental em gráficos de séries
temporais – sua forma de onda não se move em relação à fundamental.
Além das sobre-marés, marés compostas
também surgem em águas rasas. Uma maré composta como, por exemplo, a MS4
resulta da interação de duas ondas geradoras M2 e S2.
Os constituintes de águas rasas mais
comuns são os quarto-diurnas M4 e MS4 – com freqüência duas vezes o valor da
freqüência de M2 e com freqüência que corresponde à soma das freqüências de M2
e S2, respectivamente. Como outro exemplo, M6 é a segunda harmônica do
constituinte M2 com freqüência angular três vezes o valor da freqüência de M2.
Na aba de Dados Observados, o usuário
deverá clicar em para inserir os dados de maré manualmente, ou
em
para
inserir um arquivo com os dados de maré observados.
Ou ainda
Colar Tabela previamente copiada para área de transferência a partir do Excel
ou Bloco de notas .
O arquivo deverá ter o formato:
[dd/mm/aaaa hh:mm nível] ou [dd mm aaaa hh.mmmm nível] e pode ser um .txt, ou cópia diretamente de uma tabela no Excel para colar no SisBaHiA®.
Figura 5. Formatos aceitos no SisBaHiA®.
Note que o SisBaHiA® irá considerar a data e hora para análise da maré, na seleção do período a ser analisado em Parâmetros. Não há problema se houver falha de algumas horas ou dias na medição de nível, porém, como já dito anteriormente a coluna de data sem um respectivo nível deverá ter ser excluída da série, pois internamente o SisBaHiA® irá preencher a lacuna com o identificador 1E+35. Se houver apenas um espaço vazio haverá mensagem de erro na importação da tabela. Como ilustrado na Figura 1.
Previsão è É
o processo de gerar a altura de maré em um tempo futuro (ou passado) baseado no
valor conhecido das constantes harmônicas. A previsão da altura de maré, em um
determinado tempo t, é feita pela soma das contribuições de todos os
constituintes importantes com a respectiva fase para aquele tempo e pela adição
do nível médio de água.
Na
pasta de Parâmetros, o
usuário deverá preencher as informações.
(1)
Clicar no símbolo . Colocar o nome, Latitude e
Longitude da estação. Clicar no símbolo
; A latitude e longitude são
importantes para que se garanta a consistência na referência da fase, que é
referenciada a Greenwich.
(2)
Preencher as datas desejadas.
Figura 6.
Preenchimento do módulo de previsão de marés.
A ‘Série Temporal de Valores’ gera a
previsão completa para o período desejado no intervalo de tempo selecionado.
A ‘Série de Máximos & Mínimos’
gera resultados em uma tabela de Máximo (Preamar) e Mínimo (Baixa-mar), para o
período desejado. Deve ser selecionado apenas se o usuário quiser ter um
resultado similar à “tábua de maré” disponibilizada pela Marinha do Brasil, por
exemplo.
Data Inicial è
Entre com a Data Inicial do período de previsão desejado. Para isso clique na
seta à direita do campo em branco da Data Inicial. Ao abrir o calendário use os
botões na parte de cima para posicionar o dia o mês e o ano desejados.
Data Final è O usuário deverá entrar com a Data Final do período de
previsão desejada. Para isso clique na seta à direita do campo em branco da
Data Final . Ao abrir o calendário selecione a data desejada.
Data Média è Quadro informando
qual é o tempo intermediário entre o início e o fim do período de previsão.
Este valor é usado internemente no cálculo das correções nodais.
Intervalo (minutos) è Intervalo de tempo, em minutos, para apresentação dos
dados gerados na Previsão.
Nível Médio (m) è O nível médio será somado aos valores computados na
previsão. É importante colocar o nível médio se quiser saber o real nível da
água no local, para casos de navegação e comparação com dados medidos.
Figura 7.
Tela de preenchimento de parâmetros para previsão de maré.
Na
pasta de Constantes, o
usuário deverá preencher as informações das constantes harmônicas. As opções
para preencher estão listadas abaixo.
(1)
Clicar no símbolo . Em seguida escolher a constante
desejada na lista de constantes harmônicas, o período se preenche
automaticamente. O usuário deve determinar a amplitude e a fase (em graus ou
radianos);
Figura 8.
Incluir manualmente as constantes desejadas.
(2)
Copiar a lista de constantes obtidas no módulo ‘Análise’ e colar. O erro
que aparece é porque o modelo não reconhece a primeira linha do que foi
copiado, que é correspondente aos títulos.
Figura 9.
Colando constante copiadas do módulo de análise de maré.
(3)
Copiar de uma tabela previamente preenchida no Excel, sem a linha de
títulos, e com a coluna dos períodos vazia, pois pelo nome o modelo preenche
automaticamente. No exemplo, a fase na tabela está em grau. O modelo identifica
e modifica para radianos se o usuário desejar. Se o usuário quiser em graus
mesmo, deve mudar o modelo em ‘Ferramentas’ à ‘Fase de Const. Harmônicas: Gr ou Rad...’.
Figura 10.
Colando constantes de uma tabela previamente estabelecida. O SisBaHiA®
identifica automaticamente se a fase está na unidade correta do projeto.
Ainda é possível simular efeitos de
maré meteorológica, como elevação e período médios. Esses valores definidos
podem entrar como condição de contorno na fronteira aberta.
Período (s) è Período em segundos
da maré meteorológica. Geralmente a maré meteorológica tem período de alguns
dias.
Amplitude (m) è Amplitude da maré meteorológica. No sul do Brasil, por
exemplo, a maré meteorológica é responsável por metade da elevação do nível do
mar.
Fase (grau) è valor da fase em grau ou radiano da maré meteorológica
Multiplicador de defasagem è É utilizado para prescrever defasagem na fronteira aberta. A
defasagem da maré meteorológica é maior pois o período é muito maior do que a
maré astronômica. Essa defasagem é usada para gerar correntes costeiras
associadas à maré meteorológica. Se o usuário possui dados medidos de maré
meteorológica ou dos processos que a geram deve gerar essas correntes costeiras
no ‘Modelo Hidrodinâmico’ em ‘Nível Médio Diferencial’.
Com todas as informações preenchidas
basta o usuário clicar em para obter os resultados.
Na pasta Resultados, sairá uma planilha de Série Temporal (Data e Valor).
Cada um dos constituintes
da maré é designado por um nome e por um símbolo. Esses constituintes podem
ser, geralmente, agrupados pelo período segundo uma das seguintes
características:
1. Sobre-marés, do inglês
overtides: constituintes com períodos
menores do que 9 horas produzidos por interação de determinados constituintes
com a batimetria local comumente encontrados em estuários e águas rasas. Seus
símbolos apresentam subscritos iguais ou maiores que 3, indicando que tem
períodos menores que cerca de 1/3 do dia, ou menores que cerca de 8 horas.
2. Semi-diurnos:
constituintes com períodos de cerca de 12 horas apresentando subscrito 2,
indicando que tem períodos na faixa de 1/2 dia.
3. Diurnos: constituintes
com períodos de cerca de 24 horas, ou 1 dia, apresentando subscrito 1.
4. Baixa frequência:
constituintes com períodos entre dias e anos não apresentando um padrão
determinado em sua simbologia.
O catálogo de
constituintes implementado nesse aplicativo inclui informações sobre um
determinado número de acoplamentos conhecidos como, por exemplo, os pares K1-P1
e S2-K2. Num primeiro momento, o usuário
deve usar os dados de estações maregráficas próximas para estabelecer relações
de amplitude e de fase para os pares de interesse. Como alternativa, pode-se
usar as relações de amplitude prescritas na maré de equilíbrio e uma diferença
de fase nula.
As rotinas implementadas
também permitem ao usuário forçar o cálculo de certas componentes de águas
rasas a partir de um par estabelecido como, por exemplo, o par M10-M8.
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Última revisão:
11/07/2017